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Sem estudo prévio, instalação de ciclofaixas na capital compromete comércio

16 de outubro de 2014

 

Matéria originalmente publicada na Revista Sindilojas-SP nº 150

 

 

“Nada contra as ciclofaixas. Tudo contra o modo apressado e desorganizado com que elas têm sido implantadas”. Esse é o argumento de José Carlos Vidigal de Souza, comerciante da região central de São Paulo, que alega ter sido prejudicado pela inserção de uma ciclofaixa em frente ao seu estabelecimento. Como ele, diversos comerciantes vêm reclamando das ciclofaixas instaladas pela cidade, apontando-as como motivo de queda em suas vendas e na frequência aos seus estabelecimentos.

 

O assunto foi discutido no último dia 11 (setembro), durante a 5ª reunião da Coordenadoria Metropolitana da FecomercioSP. Presidido por Ruy Nazarian, do Sindilojas-SP, esse conselho reúne entidades de classe de todo o território metropolitano paulista, no intuito de deliberar assuntos pertinentes ao contexto social e empresarial dessa jurisdição.

 

O referido conselho concordou que a forma como as ciclofaixas vêm sendo dispostas pela cidade vem causando transtorno, incômodo e, sim, prejuízo ao comércio paulistano. Foi consensual, na ocasião, que apesar de louvável a intenção de se estimular o uso da bicicleta como meio de locomoção para o paulistano, a forma como as ciclofaixas vêm sendo instaladas é o que tem gerado polêmica.

 

“O problema não está somente na forma precipitada como essas vias foram instaladas, mas principalmente na total falta de comunicação e planejamento junto à população. Até agora, não houve comprovação de que foi feita qualquer análise prévia sobre as áreas contempladas, nenhum tipo de consulta ou mesmo aviso aos comerciantes e moradores locais. Para os comerciantes em particular, não houve a menor chance de se adequarem a essa nova realidade em suas portas”, apontou na reunião o assessor econômico da FecomercioSP, Noboru Takarabe.

 

De qualquer jeito

 

José Carlos, o comerciante do início desta matéria, também levanta um questionamento sobre a percepção que a maioria das pessoas tem demonstrado acerca da implantação das ciclofaixas na cidade:

 

“Chega a ser complacência dizer que essas vias exclusivas para ciclistas foram ‘instaladas’. Se analisarmos bem como tudo foi feito, a Prefeitura apenas se deu ao trabalho de pintar uma faixa de vermelho no asfalto e proibir carros de passarem ou estacionarem sobre ela. Seria mais coerente dizermos que as ciclofaixas, ao invés de instaladas, foram ‘enjambradas’”.

 

Faz sentido o que ele diz. Nos trechos em que hoje constam as ciclofaixas, não foi feita nenhuma revitalização ou mesmo adequação. Um bom exemplo disso está na Praça Dom José Gaspar, no centro da cidade. Em determinado ponto de sua extensão, há um desnivelamento potencialmente perigoso, sem qualquer indicação para ciclistas. Passou-se tinta por cima, simplesmente. Na imagem acima, o leitor pode constatar a qualidade do “serviço”. Quanta segurança para o ciclista, não?

 

Comércio comprometido

 

Com as ciclofaixas no lugar onde antes constavam acostamentos e vagas para estacionamento, muitos estabelecimentos comerciais têm enfrentado transtornos para receber e adequar seus clientes. A impossibilidade de estacionar interfere muito no desempenho de um estabelecimento comercial. O presidente do Sindilojas-SP, Ruy Nazarian, retoma o aspecto da falta de comunicação prévia por parte da Prefeitura:

 

“Entendemos que, de forma alguma, o comércio se opõe ao incentivo do uso da bicicleta como meio de transporte e recurso de melhor qualidade de vida. A objeção dos lojistas recai sobre a maneira como a administração municipal fez tudo. Foi repentino, sem qualquer aviso. Em alguns pontos, a instalação da ciclofaixa aconteceu da noite para o dia. Imagine-se no lugar do comerciante que, ao abrir sua loja, se depara com uma via para ciclistas onde antes seus clientes estacionavam o carro. É complicado”.

 

O Sindilojas-SP, junto a entidades como a FecomercioSP, vem acompanhando a repercussão sobre as ciclofaixas na capital e estudando potenciais medidas de solução para aqueles que se sentem afetados de forma negativa por sua instalação. Se você tem alguma sugestão e gostaria de colaborar para esse estudo de caso, envie mensagem para faleconosco@sindilojas-sp.org.br.

 

 

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