Desemprego em alta no setor do comércio
Fonte: Revista Sindilojas-SP
Segundo levantamento recente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), as demissões no comércio paulistano superaram as contratações nesta primeira metade do ano. De acordo com a entidade, apenas no primeiro trimestre de 2015, o setor registrou 146.364 desligamentos, ante 129.076 admissões. Isso é incomum, uma vez que o início do ano costuma registrar mais contratações em virtude das efetivações dos tradicionais temporários de fim de ano. De 2008 para cá, esse é o pior cenário registrado pela pesquisa.
“A inconsistência da nossa atual economia tem forçado lojistas a tomarem algumas medidas drásticas, infelizmente. A situação está tão instável que o corte de funcionários acaba sendo a alternativa mais viável para as empresas, no processo de contenção de custos diante da crise econômica no país”, justifica o superintendente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP), Paulo Roberto Boscolo.
A justificativa de Boscolo procede, uma vez que a realidade corrobora seu argumento. Em janeiro deste ano, somente 20% do que normalmente se efetiva nesse período vingou em carteira assinada. E durante os meses seguintes – fevereiro e março – nada mudou. Abril até que registrou uma sutil elevação dos indicadores de contratações temporárias, em virtude do Dia das Mães, mas nada que compensasse o saldo negativo registrado anteriormente.
Perspectiva preocupante | Em particular ao primeiro trimestre de 2015, a assessora econômica da FecomercioSP, Júlia Ximenes, é enfática ao indicar que o período em questão já tem lá suas peculiaridades não muito favoráveis para as empresas: “Estatisticamente, o primeiro trimestre do ano é ruim porque engloba o Carnaval, que ocasiona menos dias úteis trabalhados. Para o varejo, isso é péssimo”, explica a assessora. Segundo ela, a perspectiva em longo prazo é preocupante, uma vez que produtos básicos para consumo estão muito mais caros e o poder de compra do paulistano está bastante debilitado. Consequentemente, isso acarreta queda na indústria e na geração de empregos. O levantamento feito pela FecomercioSP indica que os segmentos que mais apresentaram reduções no varejo foram os de tecidos e calçados (-0,9%), móveis e decorações (-0,7%), autopeças e acessórios (-0,6%), concessionárias de veículos (-0,6%) e matérias de construção (-0,2%). Todos esses percentuais são comparativos com o movimento desses segmentos no mesmo período em 2014.
Mais afetados, segundo IBGE | O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a taxa de desocupação passou de 5,1% em fevereiro de 2014 para 5,9% em fevereiro deste ano. “O desemprego no país segue em alta no início do ano e registra, pela primeira vez desde 2011, queda no rendimento dos trabalhadores”, aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do instituto. Até o fim do ano, deverá subir ainda mais. Há quem estime que poderá atingir até 8%. Os mais afetados pelo desemprego até agora, segundo o IBGE, são mulheres e jovens. Enquanto para homens, o desemprego passou de 4,7% em janeiro para 5% em fevereiro, entre as mulheres subiu de 6% para 6,9%. E para jovens entre 16 e 24 anos, o índice é ainda mais alarmante: saltou de 11% em dezembro para 16,1% em fevereiro.