Sincomavi discute o Fator Previdenciário
Fonte: Revista Sindilojas-SP
por Luiz Henrique Ayres Marques*
Mais uma vez está em pauta o Fator Previdenciário. Pelo que estão dizendo nos noticiários, a mudança planejada irá criar um “rombo enorme” na Previdência, pois será possível ao aposentado receber o “valor integral”. Isso seria concebível caso o contribuinte consiga, na somatória de sua idade com o tempo de contribuição, atingir 95 anos, no caso dos homens, e 90 anos, no caso das mulheres. Mentira! Primeiro porque da forma como são feitos os cálculos do benefício, se torna impossível ao contribuinte do setor privado receber pouco mais de R$ 3 mil, mesmo que ele tenha contribuído por muito tempo sobre mais de R$ 8 mil. Onde está o valor integral? Bem, realmente existe aposentadoria com valor integral, mas para os trabalhadores do poder público, justamente aqueles que contribuem pouco com a Previdência. A verdade é a seguinte:
Em 2014, o INSS desembolsou R$ 60 bilhões com o pagamento de aposentadorias a menos de 1 milhão de beneficiários do setor público, enquanto o gasto com o pagamento de aposentadoria de mais de 30 milhões do setor privado não chegou a R$ 50 bilhões. A tabela a seguir, publicada pela Folha de São Paulo, em janeiro do ano passado, dá uma ideia do desequilíbrio:
Setor | Aposentadoria Média |
Rural (INSS) | R$ 680,00 |
Urbana Privada (INSS) | R$ 1240,00 |
Poder Executivo (Civis) | R$ 6558,00 (aposentados antes de 2013 receberam integral) |
Poder Executivo (Militares) | R$ 7.741,00 (podem receber integralmente) |
Poder Judiciário | R$ 16.726 (renda maior do que a média ativa) |
Ministério Público | R$ 19.234 |
Sendo assim, não parece óbvio que os benefícios aos contribuintes do setor público deveriam ser reavaliados e reduzidos fortemente? É preciso levantar essa bandeira com urgência.
Luiz Henrique Ayres Marques é vice-presidente do Sincomavi.
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