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O real prejuízo dos feriados para o comércio lojista

18 de novembro de 2015

Fonte: Revista Sindilojas-SP

Segundo especialistas, o impacto das pausas no trabalho decorridas de feriados este ano pode gerar um prejuízo de R$ 15,5 bilhões ao setor do comércio no país. Sim, leitor, isso mesmo: R$ 15, 5 bilhões até o fim do ano. Caso esse montante se concretize, o prejuízo deste ano superará em 22,5% o registrado no ano passado.

São diversos os fatores que conduzem os economistas a esse apontamento. O menor número de dias úteis computados até dezembro, por exemplo, é um deles. Outro fator: as tradicionais ‘emendas’ – também conhecidas como “feriadões” – têm sido mais aplicadas este ano. Quer mais? O aumento registrado na relação folha de pagamento/receita operacional no comércio, esta em curso no país desde 2009. E por aí vai…

Bem sabe o leitor o quanto um expediente a menos prejudica um estabelecimento comercial. O que dizer, então, de dois, três dias emendados de pausa? É muita coisa. Muita perda.

As vendas perdidas em um dia muito dificilmente são compensadas em outro. Em virtude do dinamismo do setor, são raras as oportunidades que um lojista tem de “voltar um pouco atrás”, de restabelecer as chances de vendas de um dia com as portas fechadas.

O comerciante Divino Alberto de Sá, sócio de uma pequena loja de presentes no centro da capital, alega que por pouco não encerrou suas atividades por definitivo em maio último, pois os feriadões de março e abril debilitaram muito o caixa da loja.

“Nosso ponto já não é o mais favorecido da região com a circulação de consumidores. Temos de ‘malhar’ para garantir um certo fluxo de vendas no nosso dia a dia na loja. Para nós, um dia de portas fechadas é um tremendo prejuízo. Apenas em abril, tivemos dois feriados em dias da semana importantes para nós: uma sexta-feira e uma terça-feira. Como a maioria das pessoas aproveitou para sair da cidade, as vendas foram péssimas. Nem mesmo os nossos fornecedores trabalharam nesses dias. Tanto que no segundo feriado [Tiradentes], nem abrimos. Não compensava”.

Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), embasados em suas pesquisas de rotina mensais, sugerem para este emperrado 2015 a primeira queda do varejo ampliado dos últimos 10 anos. Triste constatação. O andar da carruagem no setor corrobora essa indicação.

Não são poucas as pesquisas que denunciam esse lado negativo dos aparentemente inofensivos feriados. Quase todas elas apontam os setores do comércio e da indústria como os mais afetados por eles. Consequentemente, o impacto recai sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Mas, afinal: o comércio deve ou não abrir em feriados?

“Poucos são os que realmente têm consciência do prejuízo causado às empresas do comércio por causa das interrupções dos feriados, sejam eles isolados ou prolongados. Até mesmo empresários do setor, às vezes, não fazem ideia do quanto perdem com isso. Muitos pensam que estão obrigados a fecharem suas portas nos feriados e isso não procede. O funcionamento nessas ocasiões é permitido, desde que os estabelecimentos apresentem o Certificado de Abertura aos Domingos e Feriados à fiscalização. Esse documento é uma exigência prevista na convenção coletiva da categoria. Tendo-o em mãos, o lojista pode abrir as portas do seu estabelecimento e tentar reverter um potencial prejuízo”, orienta o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP), Ruy Nazarian.

A assessoria jurídica do sindicato acrescenta a essa orientação a informação de que o estabelecimento que estiver funcionando em um dia de feriado sem o referido certificado está sujeito à autuação e multa por parte da fiscalização que a Prefeitura de São Paulo normalmente aciona em feriados. O valor dessa multa gira em torno de R$ 400.

Virando o jogo – Uma orientação do Sindilojas-SP aos lojistas da capital é a de que, independentemente da quantidade de pausas na semana ocasionadas por feriados, eles procurem evitar ao máximo fecharem suas portas em dias assim. Por quê?

Primeiramente, pela razão mais óbvia: portas fechadas não atraem consumidores e, portanto, não geram vendas. Pior do que vender pouco – como apontado pelo lojista entrevistado, parágrafos atrás – é simplesmente não vender nada em um expediente.

Segunda razão: a economia atual está péssima e vai de mal a pior, infelizmente. E isso, leitor, reflete sobre todos: comerciantes e consumidores. Pesquisas mostram que cada vez menos pessoas saem da cidade durante feriados. Contenção de custos, obviamente. Mas evitar gastos com viagens não é o mesmo que evitar gastos menores como… compras! O consumidor que fica na cidade em um feriado está propenso a sair às compras, sim. Isso não é conveniente para o comércio?

A assessoria de marketing do Sindilojas-SP também deixa seu recado: “Aproveite essas oportunidades para colocar em prática campanhas promocionais no dia. Proponha algum diferencial que seja interessante para o consumidor. Ofertas, descontos somente nesse dia… Atraia-os. Use e abuse da criatividade. Apenas não deixe de aproveitar essa oportunidade, por vezes, única que é um feriado para o comércio”, sugere o coordenador da área, Eduardo Sylvestre.

Certificado de Abertura – Previsto pela convenção coletiva estabelecida entre as categorias patronal e comerciária, o Certificado de Abertura aos Domingos e Feriados é um documento exigido pela fiscalização realizada pela Prefeitura de São Paulo durante seus turnos de operação. Como já citado nesta matéria, a não apresentação desse certificado às autoridades gera multa sobre o estabelecimento. Para mais informações sobre a validade desse documento e as formas de obtê-lo (para aqueles que ainda não o têm), entre em contato com o setor de relacionamento do Sindilojas-SP: de segunda à sexta-feira, pelo telefone 11 2858 8400 ou pelo e-mail faleconosco@sindilojas-sp.org.br.


 

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