Decoração a serviço do varejo de moda
Por Ana Lívia Werdine
A decoração de lojas de roupas e acessórios é fundamental para valorizar os produtos comercializados e para fortalecer o conceito da marca. Levando em conta alguns truques arquitetônicos aumenta-se, e muito, as chances de sucesso
Projetos da arquiteta Ana Lívia Werdine: Na loja da direita, as roupas e acessórios foram separados por marcas. Já na loja da esquerda, os produtos foram selecionados conforme sua cor. Fotos: Henrique Queiroga
O mercado da moda é extremamente competitivo. Para que uma loja se destaque, é preciso chamar a atenção. Ter um ambiente agradável, bonito e organizado é imprescindível. A arquiteta Ana Lívia Werdine dá dicas para quem quer empreender neste segmento, com a expertise de quem entende do assunto. A profissional atuou no segmento da moda por quase dez anos e, sempre que possível, aplica a bagagem que traz do mundo fashion em seus projetos. “Para uma loja ser bem sucedida, além de roupas lindas e marketing, o ambiente deve valorizar as peças e os clientes devem sentir-se em casa no local. Também é importante ressaltar a identidade das marcas, que é fator importantíssimo e que aprendi na minha experiência trabalhando com moda anteriormente”, conta Ana Lívia.
Em dois projetos recentes de lojas de roupas e acessórios, a profissional trabalhou o espaço de forma a valorizar a originalidade e estética das roupas. “Foi muito bom conviver neste meio para saber como pensam os estilistas e donos das lojas, assim consigo propor projetos que sejam funcionais e facilitem o trabalho deles”, afirma.
Ana Lívia dá dicas, por exemplo, sobre como expor roupas nas lojas. “Se forem expostas muitas peças nas araras fica difícil para a cliente visualizar tudo. Uma exposição clean valoriza mais as roupas. Uma dica é separar as roupas por cores ou por marcas. Desta forma, o atendimento à cliente é mais eficiente também”, ensina.
Com relação à organização dos produtos, a arquiteta é categórica: “Devem estar visíveis e de fácil acesso. Normalmente as pessoas gostam de sentir o material e o tecido. Em uma das lojas que projetei, os cubos de vidro empilhados realçam as bolsas e ficam ao alcance das mãos. Já no outro projeto, o estoque fica dentro do aparador central de espelho e de gavetas embaixo das araras, assim são encontradas facilmente”.
Aparadores de vidro realçam a beleza das bolsas. Foto: Henrique Queiroga
Uma questão crucial destacada pela profissional é a iluminação. “A loja não pode ser muito escura ou distorcer a cor das roupas. Para cada ambiente e função existe um tipo certo de lâmpada. Um bom projeto luminotécnico interfere até nas vendas e lucratividade. O provador tem o poder de deixar a pessoa e a roupa mais bonita ou prejudicar este conjunto, tudo em função da iluminação adequada”, explica Ana Lívia
A arquiteta salienta ainda outros pontos relevantes. “É importante que as roupas expostas conversem com a decoração. Não aconselho colocar uma roupa muito estampada em uma parede com um papel de parede também cheio de estampas, fica desagradável para quem olha”, alerta.
A profissional ensina ainda como não errar na composição de cores: “Opto sempre por tons claros e neutros na decoração de lojas para que o destaque sejam os produtos. O décor é um pano de fundo que ajuda a valorizar as roupas e a ressaltar a identidade da marca. As cores da loja devem ser neutras, porém com texturas e cores atuais e alinhadas com o que acontece na moda”, encerra.
“As cores da loja devem ser neutras, porém com texturas e cores atuais e alinhadas com o que acontece na moda”, explica a arquiteta Ana Lívia Werdine
Sobre a profissional:
Ana Lívia Werdine trabalhou por quase dez anos com o universo da moda, tendo convivido intensamente com estilistas e outros profissionais do meio. Foi exatamente sua trajetória no segmento fashion que a levou à arquitetura. Durante um período vivendo na capital da moda, Milão, a profissional visitou o Salone del Mobile, principal feira de design mobiliário do mundo, realizada anualmente na cidade italiana. Ali, Ana Lívia se viu arrebatada por este outro universo e ingressou no curso de design de interiores, do Istituto Marangoni. Já no Brasil, decidiu cursar arquitetura, na Fumec BH/MG, onde se formou em 2006. Posteriormente, realizou uma especialização em design de interiores, no Inap BH/MG, complementando o curso feito em Milão. Desde então, já são mais de dez anos atuando como arquiteta, sendo oito à frente de seu próprio escritório, onde executa projetos que, não raramente, bebem da fonte onde tudo começou: a moda.