As oportunidades que o marketplace oferece aos pequenos varejistas
*Por Ana Paula Tozzi
O varejo eletrônico cresce com velocidade acelerada no Brasil, tanto em número de consumidores quanto valor de vendas. Surpreendente também é a quantidade de empresas que compõem este mercado. Em 2015, o comércio eletrônico atingiu um faturamento de R$41,3 bilhões e surpreendendo as projeções de R$49 bilhões, faturou R$53,4 bilhoes em 2016.
Neste patamar de faturamento são grandes os desafios para empresas crescerem e se manterem confiáveis e atrativas aos seus clientes. Garantir uma logística eficaz e assertiva, manter os custos competitivos e ter credibilidade perante aos clientes passou a ser um diferencial.
Para ocupar os espaços criados pela demanda dos serviços de qualidade junto aos custos competitivos, a utilização do conceito do “marketplace” tornou-se uma tendência inevitável. Entre setembro e dezembro de 2016, o total de sellers – vendedores que disponibilizam seus produtos dentro desse espaço de compra e venda – cresceu cerca de 24% no Brasil. O rápido crescimento deve-se à popularização do modelo virtual de negócio no país que, por conta das facilidades e benefícios, tem atraído diversos empreendedores.
Em 2013, alguns dos grandes varejistas do Brasil começaram a disponibilizar seus ambientes de marketplace. Cnova (Extra, Casas Bahia e Ponto Frio), B2W (Submarino e Americanas) e Walmart deram o pontapé inicial, com crescimento em torno de 50% só em 2014. Para 2019, a Cnova planeja obter 50% de sua receita através desse canal.
Se os grandes varejistas online se beneficiam através dessa estratégia, os seus parceiros também ganham ao se associarem a um grande e-commerce. Um dos benefícios mais observados em curto prazo para o negócio é o aumento expressivo do número de clientes devido à exposição ao tráfego maior de consumidores e pelo fato de estar respaldado pelas principais marcas do mercado online.
Outro benefício que pode ser obtido é a redução de custo de entrega, principalmente da “última milha” (last mile), compartilhando a malha de entrega com os demais sellers do marketplace. Você sabia que cerca de 28% do valor de entrega total em prol de um negócio vem da última milha? Em geral essa taxa é passada ao cliente. Quando isso não acontece, ele pode ter um impacto nas suas margens.
O custo alto não é novidade, mas novas expectativas em entregas realizadas no mesmo dia ou em prazos menores colocou maior pressão sobre os orçamentos dos e-commerces. Além disso, quando se trata de varejo online, pode haver demanda inconsistente, tais como volumes cada vez maiores de compras durante os feriados.
Outra grande oportunidade para os pequenos produtores é a adoção das “micro linhas de crédito” que, por exemplo, estão disponíveis no MercadoLivre (nos Estados Unidos a Amazon também já oferece). Com base nas informações do perfil da distribuição e do recebimento, o seller poderá capturar um empréstimo que financie até dois meses do seu capital de giro, possibilitando, portanto, o crescimento das vendas sem risco da empresa ficar sem capital.
O que percebemos então é que os modelos tradicionais de comércio, financiamento e logística já não oferecem mais respostas satisfatórias às demandas atuais de nível de serviço e custos. As empresas que quiserem se manter vivas no jogo terão que se modernizar em termos de estratégias, parcerias, modelos de gestão, adoção de tecnologias e capacitação constante de seus colaboradores.
Seja a sua organização nova ou mais antiga, comece já sua reinvenção. A melhor hora é agora, pois ainda estamos no jogo!
* Ana Paula Tozzi é CEO da AGR Consultores
Matéria publicada na Revista Sindilojas-SP Edição 179