Gestão

Varejo em 2023: desafios para o lojista*

2 de janeiro de 2023

Especialistas listam desde sugestões mais conservadoras, como tocar o negócio ao estilo “arroz com feijão” para preservação do caixa, até ações mais arrojadas, como colher e transformar dados de clientes em ações para condução do negócio.

Na era de tantos acontecimentos impactantes, como desdobramentos do pós-pandemia, expansão do e-commerce e revolução digital, a pergunta que se faz é sobre quais as melhores estratégias e ações que o comércio varejista deve se valer para lidar de maneira eficiente e assertiva.

Foram listados, assim, os desafios para o lojista em 2023.

Para além das questões macroeconômicas, em que devem ser consideradas as perspectivas de inflação, juros altos e economia com baixo crescimento, os empresários do comércio lojista devem se concentrar em certos tópicos listados por algumas consultorias renomadas, como Gouvêa Malls, FGVcev e NDEV. De acordo com representantes dessas instituições, tais itens são palpáveis e estão ao alcance do varejo para serem implementados.

“Omnicanalidade”

Uma das expressões em voga, sobre as relações entre o negócio e o seu público, é a “omnicanalidade”, que significa a integração de todos os canais de contato com o cliente e que é vista como essencial para o sucesso de uma loja, segundo alguns especialistas consultados. Segundo eles, os estabelecimentos comerciais necessitam ser eficientes no on-line e no off-line para serem competitivos, devendo entender que apenas vender bons produtos não é o bastante para alcançar o nível de competitividade satisfatório diante da concorrência. É importante também ampliar o grau de atuação do negócio, convertendo-o em mini centros de distribuição, além de, principalmente, oferecer serviços que objetivem a excelência no atendimento.

Um bom exemplo disso é a criação de programas de fidelidade, que tendem a estabelecer relacionamentos efetivos com o público, criando conexões com a marca e agregando valor à tudo o que a sua loja oferece.

À partir de programas dessa natureza é que se forma uma base de dados que permite o conhecimento e a interação com a carteira de clientes, tornando, assim, o negócio promissor.

Além disso, com essas ações na prática, fortalece-se o conceito e a cultura organizacional de ir ao encontro das necessidades do consumidor através do conhecimento e da participação de toda a jornada de compra, sem ter de  necessariamente esperar por ele.

Dados dos clientes

Muitos empreendedores tem o conhecimento sobre a necessidade de coletar o máximo de informações possíveis sobre clientes e potenciais clientes, no sentido de ampliar o alcance e as possibilidades de um negócio, seja para alcançar a excelência no atendimento e alavancar vendas, como consequência do processo e objetivo principal.

No entanto, dentre os desafios para o lojista em 2023 e que devem se apresentar nesse ano de maneira ostensiva aos comerciantes, será a “leitura” desses dados, conforme o parecer dos especialistas consultados. Segundo eles, a grande dificuldade será transformar toda essa “parafernália” de dados dos consumidores em informações úteis para o negócio, pois de nada adianta possuir os dados sem saber utiliza-los.

De acordo com os consultores, os departamentos de comunicação e marketing das empresas do comércio varejista terão a necessidade de ampliar os horizontes em  relação à suas áreas restritas de atuação, procurando adquirir maiores conhecimentos ou procurar ter uma interlocução maior com especialistas de outros setores como estatísticas, probabilidades matemáticas e Tecnologia da Informação, objetivando transformar informações sobre os consumidores em ações e estratégias efetivas de comunicação.

Ambiente e responsabilidade social

Uma loja e/ou um estabelecimento comercial qualquer, tem de ter, de maneira imprescindível, a característica efetiva de uma empresa, com todo o aspecto organizacional respectivo. Como tal, os fatores relativos à gestão do ambiente interno, à responsabilidade social e à governança propriamente dita, tem de ser contemplados, para que o negócio seja identificado como uma organização, o que confere consistência e credibilidade ao empreendimento.

Nesse sentido, de acordo com a apuração das consultorias mencionadas, muitos lojistas, especialmente os pequenos, encontram-se “perdidos”, e é preciso focalizar atenção em relação à esses temas, na medida das possibilidades, para que os dividendos sejam colhidos e a marca da loja se posicione de maneira consolidada no mercado.

“Feijão com arroz”

Apesar da “pregação teórica” dos especialistas do varejo, sobre temas como inovação tecnológica e ominicanalidade, acompanhada da necessidade de adequação à essas práticas para tornar um negócio competitivo em meio à concorrência crescente, a realidade atual, na prática, mostra-se distante do cenário desenhado por esses conceitos inovadores, uma vez que o Brasil saiu de uma crise impactante, que deixou cicatrizes profundas nos empresários do comércio varejista. Isso significa dizer que os desafios para os lojistas em 2023 continuam os mesmos dos últimos anos, especialmente porque a integração entre os canais físico e digital ainda não é uma realidade no Brasil.

Assim, o famoso “feijão com arroz”, ou seja, as ações essenciais que visam garantir a sobrevivência e a viabilidade do negócio, provavelmente sejam ainda o maior desafio para o varejo. Dessa maneira, para 2023, o varejista deve continuar a busca pela melhoria de processos e redução de custos e, depois, buscar inovação. Mas é fundamental manter os olhos abertos para as inovações existentes, no sentido de deixar as portas abertas na eventualidade de implantá-las.

Preservar o caixa

Como consequência e complemento do tópico anterior, segundo os especialistas, o momento atual não é de grandes investimentos, mas sim de ações para a preservação do caixa.

Medidas importantes que caminham nessa direção, são:

  • Investimento no que se considera como retorno garantido, com atenção à produtividade e a redução de custos, repassando os ganhos para o cliente, objetivando relevância.
  • Valer-se da omnicanalidade e programas de fidelidade, como ferramentas qualificadoras dentro desse objetivo.
  • Implantar ferramentas de CRM, próprias para gerir o relacionamento com clientes, sendo uma alternativa importante para fidelização dos consumidores e, assim, a manutenção de receitas.

*Fonte: Diário do Comércio

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