Desaceleração da economia e os efeitos ao comércio

Consumo das famílias praticamente estaciona e setor comercial cresce só metade do PIB, mostra análise do Sindilojas-SP.

A economia brasileira perdeu força no 3º trimestre e o comércio sentiu o impacto com ainda mais intensidade. É o que mostra a análise do Sindilojas- SP a partir dos dados mais recentes do IBGE: enquanto o PIB do país cresceu apenas 1,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o menor avanço desde o início de 2022, o valor adicionado do comércio subiu apenas 0,9% no mesmo período, menos da metade do ritmo da economia como um todo.

Na passagem do 2º para o 3º trimestre, a atividade nacional praticamente estacionou, com variação de somente 0,1% após ajuste sazonal. Já o comércio, que vinha de um desempenho mais robusto em 2024 e no início deste ano, recuou de 3,1% de crescimento nos primeiros três meses para os atuais 0,9% entre julho e setembro.

Fator

Para o Sindilojas-SP, o principal fator que explica a perda de dinamismo do comércio é o enfraquecimento do consumo das famílias, responsável por 64% do PIB brasileiro em valores correntes. Esse indicador também vem desacelerando desde o fim do ano passado e avançou apenas 0,4% no 3º trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024. Na comparação direta com o trimestre anterior, o consumo praticamente não saiu do lugar, repetindo o movimento de estagnação visto no PIB total.

“Não é apenas um ponto fora da curva: estamos diante de um processo contínuo de arrefecimento econômico”, afirma Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP. “O comércio sofre primeiro, porque depende diretamente do poder de compra do consumidor. Com juros altos, crédito caro, inflação persistente e endividamento elevado, a população tem menos margem para consumir.”

Alerta

A manutenção da Selic no patamar de 15% ao ano, o maior em duas décadas, tem cumprido seu papel de contenção da inflação, mas ao custo de um freio mais forte na atividade econômica. O Sindilojas-SP alerta ainda para um desequilíbrio entre políticas monetária e fiscal no país: enquanto o gasto público segue aquecido, pressionando a demanda e os preços, o Banco Central segura a expansão do crédito para evitar novas altas inflacionárias, o que resulta em baixo crescimento e ambiente adverso para o varejo.

“Esse cabo de guerra prejudica quem está na ponta: empresários e consumidores”, reforça Macri. “Sem alinhamento entre política fiscal e monetária, permaneceremos convivendo com juros elevados, consumo contido e baixo crescimento, o pior cenário possível para a geração de empregos e a vitalidade do comércio.”

Sinais

Para a entidade, os sinais captados nos indicadores de julho a setembro mostram que os efeitos sobre o varejo devem se prolongar até o fim de 2025 e se estender em 2026, exigindo dos empresários planejamento cuidadoso, gestão de custos mais rigorosa e monitoramento constante do crédito e da inadimplência.

“Nossos associados precisam olhar para os números com frieza, preparar estoques, rever metas e manter atenção total ao fluxo de caixa”, conclui Macri. “Ainda assim, reforçamos a necessidade urgente de medidas estruturais que reduzam o custo do dinheiro e devolvam capacidade de consumo às famílias.”

A leitura conjunta desses indicadores mostra que a desaceleração não é pontual, mas estruturada e já se reflete diretamente no varejo brasileiro. O Sindilojas-SP seguirá monitorando a evolução do consumo e do desempenho do comércio para orientar o setor em um cenário de juros altos, crédito restrito e menor disposição das famílias às compras, fatores que, hoje, definem o ritmo da economia nacional.

Departamento de Economia e Tributação

Dentro de sua estrutura operacional, o Sindilojas-SP possui o Departamento de Economia e Tributação, objetivando levar ao empresário do comércio varejista um rol de informações relacionadas à conjuntura macroeconômica, imprimindo sobre estas as particularidades do setor do varejo.

O Sindilojas-SP leva em consideração o fato de que temáticas como obrigações fiscais, carga tributária e questões relativas à recente regulamentação da Reforma estarão permanentemente presentes no dia a dia dos empresários do comércio.

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