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Direitos trabalhistas tradicionais são desafiados pela geração Z

18 de agosto de 2025

Com expectativas voltadas para flexibilidade, propósito e benefícios personalizados, jovens entre 18 e 27 anos têm levado empresas a repensarem o modelo tradicional de vínculos empregatícios da CLT. Para especialistas, esse movimento coloca o país diante de um dilema: atualizar as regras para atender a novas demandas ou correr o risco de intensificar a precarização.

*Fonte: Correio Braziliense

O emprego com carteira assinada, que por muito tempo simbolizou estabilidade e segurança, vem perdendo atratividade entre a Geração Z. Uma nova pesquisa revela que essa mudança de comportamento pode acabar favorecendo quem ainda opta pela formalidade.

De acordo com levantamento da consultoria global Robert Half, os jovens dessa faixa etária foram os que mais elevaram suas expectativas salariais no último ano. Entre os empregadores ouvidos, 74% afirmam que os candidatos da Geração Z estão mais exigentes quando o assunto é remuneração — índice bem acima de Millennials (24%), Geração X (18%) e Baby Boomers (9%).

A postura mais crítica não se restringe à negociação de salários. Muitos jovens demonstram preferência por formatos mais flexíveis de contratação, como prestação de serviços por projeto, freelancer ou atuação como pessoa jurídica (PJ). Essas opções oferecem maior autonomia, mas deixam de garantir direitos como férias, 13º salário, afastamento médico ou aposentadoria, previstos na CLT.

Segundo Amanda Adami, gerente da Robert Half, o pacote desejado pela nova geração combina propósito, ambiente saudável e valorização financeira. “Com o desemprego em queda, há maior disputa por talentos, o que reforça o poder de negociação desses profissionais”, afirma.

Desafios para o futuro

Especialistas em direito trabalhista avaliam que a transformação das relações de trabalho já está em curso. A questão central é como proteger o trabalhador do futuro sem prendê-lo a modelos ultrapassados. “Estamos diante de uma encruzilhada: ou modernizamos os mecanismos de proteção ou veremos a precarização se aprofundar”, afirma a advogada Ana Paula Magalhães.

Ela defende que essa modernização exige revisão profunda das políticas públicas e do marco legal, ainda baseados na lógica tradicional do vínculo patrão-empregado. Com a expansão da informalidade, inclusive entre jovens qualificados, cresce a necessidade de garantir aposentadoria, plano de saúde, cobertura em caso de acidente e licença-maternidade mesmo fora da CLT.

O estudo da Robert Half mostra que os jovens priorizam desenvolvimento profissional, impacto social e qualidade de vida. Entre aqueles que esperam aumento salarial nos próximos 12 meses, 39% justificam pela aquisição de novas habilidades, 34% pelo cumprimento de metas e 28% pelo aumento do custo de vida.

Além da remuneração, os benefícios corporativos têm se tornado ponto crucial. Cerca de 72% dos empregadores relataram aumento nas exigências por pacotes mais atraentes, o maior percentual entre todas as gerações. Esse cenário força as empresas a rever estratégias de atração e retenção.

CLT em xeque

Para muitos jovens, a carteira assinada representa rigidez. Para o país, o desafio é garantir que a busca por liberdade e autonomia não implique a perda de direitos básicos. A saída pode estar na construção de novos formatos de proteção social, mais flexíveis e condizentes com o perfil dessa geração.

A gerente da Robert Half reforça que cabe às empresas entenderem esse novo contexto e oferecerem propostas que realmente sejam percebidas como vantajosas. “O equilíbrio entre reconhecimento financeiro, chances de crescimento e qualidade de vida será determinante para formar equipes de alto desempenho no longo prazo”, diz Adami.

A psicóloga e especialista em RH Mônica Ramos destaca que a Geração Z apresenta prioridades muito distintas. “As empresas terão de se adaptar, com regimes híbridos, remotos, banco de horas e benefícios flexíveis. Também será necessário criar ambientes diversos e inclusivos, além de líderes que funcionem como facilitadores”, aponta.

Já o especialista em educação empresarial Leonardo Loureiro avalia que, para a CLT se tornar atrativa novamente, é necessário repensar a rigidez do modelo. “Precisamos de contratos mais maleáveis, benefícios voltados para saúde mental, educação contínua e trabalho remoto. O modelo atual não conversa com o estilo de vida da Geração Z”, afirma.

Tendência

Segundo ele, a legislação ainda corre atrás das mudanças já em curso no mercado. “Não é apenas uma escolha da juventude, mas uma tendência global de reformulação das relações de trabalho. Empresas que entenderem isso primeiro terão vantagem na disputa por talentos.”

O economista Otto Nogami, do Insper, avalia que o comportamento da nova geração revela transformações estruturais. “É preciso modernizar tanto as formas de contratação quanto os mecanismos de proteção social, além de repensar o futuro da previdência, que precisa ser inclusiva e sustentável”, explica.

O economista e sociólogo Vinicius do Carmo reforça que o recado da Geração Z é claro: os modelos tradicionais já não correspondem às expectativas. “Embora não seja um grupo homogêneo, essa geração mostra que os arranjos clássicos de trabalho não dão mais conta da realidade atual”, conclui.

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