Era do shopping só para compras chega ao fim
Fonte: Sammy Eduardo e Agências
Entre 1998 e 2016 muita coisa aconteceu, e entre os malls não foi diferente. Diante de um cliente mais exigente, os espaços agora são mais usados para encontrar amigos e menos para aquisições
Nos últimos dezoito anos, os shopping centers no País viveram uma verdadeira revolução no perfil do visitante. Com mais canais de compras, os clientes usam menos os espaços para fazer aquisições, tornando o mall um local para encontros e passeios.
A principal mudança, mostrada em um estudo realizado pelo Ibope Inteligência, aponta que 37% das pessoas que visitam shoppings com frequência o fazem para passear, observar vitrines e encontrar os amigos. Em 1998, o índice era de 16%.
“A mudança de comportamento está relacionada com uma alteração maior e mais significativa que é o papel do shopping center na vida das pessoas”, disse a diretora da unidade de shopping, varejo e imobiliário do Ibope Inteligência, Márcia Sola.
Prova disso é que 55% de todos os visitantes dos malls brasileiros enxergam o espaço como um local de entretenimento e convivência, onde o consumidor também pode realizar suas compras. Em contrapartida, a taxa de pessoas que vai ao shopping exclusivamente para realizar compras caiu. No período analisado, o índice recuou de 46%, em 1998, para 34%.
Além disso, os clientes estão mais velhos e mais endinheirados, já que 29% dos frequentadores têm mais de 45 anos de idade. No final da década de 1990, 18% dos visitantes se encaixavam nessa faixa. Para o Ibope, em 2020, 80% dos consumidores que forem a shoppings no Brasil terão essa idade ou mais.
O levantamento mostra também que 80% dos frequentadores são das classes econômicas A ou B, enquanto em 1998 essa taxa era de 61%. “Os clientes estão mais qualificados. Mas atenção, porque ele também é muito mais bem informado e crítico, e tem mais opções de locais para fazer a compra. Trate-o mal e ele não voltará”, orienta Márcia. Há 18 anos, o País possuía 185 shopping centers. Hoje, são 503 malls espalhados pelo País.
Atenção às mudanças – Em um movimento de transformar o shopping em espaços compartilhados, redes administradoras se movimentam para suprir a nova demanda do cliente. O Grupo Partage, por exemplo, que controla dez centros de compras no País, promove workstations em dois de seus empreendimentos. “O Partage Shopping Rio Grande lançou em fevereiro, junto com o departamento do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) do Rio Grande (RS), um escritório compartilhado, onde várias pessoas podem utilizar o espaço para desenvolver trabalhos profissionais”, conta, em nota, o Partage.
Trabalho semelhante foi desenvolvido pela controladora na sua unidade de Betim (MG), no Partage Shopping Betim.