Expansão interrompida
Foi com grande pesar que constatei os números apresentados pelo IEC (Índice de Expansão do Comércio), atual indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). De acordo com o seu último relatório, nunca antes a intenção dos comerciantes de ampliar seus negócios e contratar mais mão de obra para seus estabelecimentos foi tão baixa quanto neste semestre.
No mês passado, o referido índice atingiu 67,2 pontos, seu menor patamar desde o início da série histórica, em março de 2011. Isso corresponde ao nono recuo mensal consecutivo e o pior deles, com queda de 9,1% em relação ao mês anterior (julho). Na comparativa com agosto do ano passado, a redução chega a ser ainda mais agressiva: 33,7%. O assessor econômico da federação, Vítor França, aponta que esse índice continua caindo sob ritmo acelerado e que, mesmo já estando em um nível muitíssimo baixo, não há nenhuma perspectiva de um processo de recuperação em andamento, mínimo que seja. Ele também explica que quando o referido indicador está próximo do ponto mais baixo, as quedas costumam “suavizar”. Contudo, não é o que vem acontecendo, segundo o relatório da entidade.
Sob exemplos práticos, a queda no índice em questão se traduz na menor oferta de emprego no setor, em uma cautela quase paranoica frente a financiamentos que normalmente se fazem necessários para empresas do varejo, vendas baixas e juros, para variar, em alta. Tristemente, boa parte dos entrevistados para a pesquisa do índice alegaram se sentirem forçados a reduzir seus respectivos quadros de funcionários durante os próximos meses do ano. A motivação para qualquer forma de expansão, no momento, é praticamente nula, leitor.
Mais do que nunca, o empresariado do setor precisa estar preparado para um último trimestre de ano um tanto instável – mesmo com as sempre convenientes perspectivas que o Natal, por exemplo, costuma propor nessa etapa. Nem com elas, verdade seja dita, poderemos contar tanto assim. Crise, leitor. Pura e simples. Fatal e inegável. Sem mais.
Ruy Pedro de Moraes Nazarian
Presidente do Sindilojas-SP