A importância da organização financeira
A importância da organização financeira para os negócios: O que fazer quando os controles financeiros se misturam?
Matéria publicada na Revista Sindilojas-SP 184
Quando o assunto é organização financeira, faz-se necessário manter um olhar atento e imparcial sobre as principais fragilidades que podem ocasionar complicações. A partir disso, criam-se controles que, à princípio, podem parecer difíceis, mas que com o tempo e a disciplina, se tornam importantes ferramentas de gestão.
Uma das ocorrências mais comuns que geram a perda do controle financeiro tem sido o que chamamos de unificação das despesas financeiras. Trata-se da não distinção do que são gastos dos sócios de origem pessoal com os decorrentes das operações da empresa.
O empresário precisa ter ciência das consequências que resultam dessa união para a saúde econômica do estabelecimento. O principal motivo pelo qual as empresas fecham no prejuízo, e até mesmo chegam a falência ocorre quando não faz as devidas separações das despesas de Pessoa Física e Pessoa Jurídica. Esta cisão é um passo primordial para o sucesso empresarial.
A principal recomendação é o planejamento. As despesas da empresa devem ser liquidadas com recursos do próprio negócio e as despesas pessoais com o pró-labore do sócio e com o lucro distribuído. Com o planejamento prévio e contínuo é possível evitar que a empresa pague as despesas da pessoa física ou que a pessoa física disponha de seu próprio patrimônio para salvar uma empresa com dificuldades financeiras.
Para facilitar essa separação, o primeiro passo é realizar um diagnóstico financeiro, só assim será possível identificar se a empresa está lucrando ou tendo prejuízo.
Separação dos gastos pessoais
Inicie efetuando o levantamento de todas as despesas mensais da empresa e pessoais. Desta maneira, será possível identificar se o pró-labore retirado pelo sócio é suficiente para quitar seus gastos pessoais, bem como, identificar se a empresa dispõe de receitas necessárias para honrar seus compromissos e manter a sustentabilidade no mercado.
Utilizar as receitas empresariais como fonte para cobrir os gastos particulares, pode afetar o fluxo de caixa e levá-la a recorrer a empréstimos e endividamento. A utilização de uma mesma conta bancária para as duas modalidades dificulta o controle financeiro do empreendimento. Recomenda-se a abertura de contas distintas para as despesas, uma para pessoa física e outra para pessoa jurídica. Dessa forma, é possível ter uma visão real do faturamento.
Gastos com o cartão de crédito corporativo, solicitações de empréstimos para uso pessoal, retiradas excessivas, etc… podem provocar resultados negativos como: atrasos junto aos fornecedores, falta de recursos para quitar compromissos trabalhistas ou mesmo prejudicar novos investimentos que poderiam alavancar os negócios.
Estabeleça valores predeterminados
O Pró-labore deve ser retirado de maneira formal e periódica da mesma forma que são pagos os salários aos colaboradores da empresa.
Ressaltamos que, para a saúde financeira da empresa, os aumentos no Pró-labore só devem ocorrer quando a mesma estiver com capacidade financeira para isto. O valor das retiradas deve se adequar à realidade. É importante que se respeite os limites estabelecidos.
Uma gestão equilibrada com as devidas separações, facilitará a visualização do lucro real que o negócio está trazendo, os resultados dos investimentos e a tranquilidade em realizar novas projeções, podendo assim, controlar de forma mais eficiente os gastos, adequando-os à sua atual situação financeira.
Planejamento Tributário
Após alcançar o equilíbrio financeiro da organização, o próximo passo é a elaboração de um planejamento tributário. O empresário deve estruturar o seu negócio procurando formas de reduzir os custos, buscando a maior economia possível de pagamentos de tributos e diminuição da carga tributária do empreendimento. A sonegação não será uma opção, uma vez que o planejamento tributário consiste em uma forma lícita e correta de reduzir a carga fiscal da empresa.
A Lei das Sociedades Anônimas, em seu artigo 153 diz que: ..O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.
Ressaltamos que, o planejamento tributário é essencial para todo bom administrador, para que tenha conhecimento e capacidade de analisar, conciliar e verificar todas as opções existentes de tributação, nos diversos e amplos aspectos que envolvam o negócio.
O planejamento tributário e o controle financeiro são armas estratégicas para que as empresas sejam capazes de tomar novas decisões, determinar suas metas a curto e longo prazo e instituir futuras projeções com maior segurança.