“Maio pode não ser tão satisfatório este ano”, avalia Ruy Nazarian
Tradicionalmente, maio consta como um dos períodos mais prósperos do ano para os varejistas em geral. Muito disso se dá pelo advento do memorável Dia das Mães, celebração esta que costuma gerar bastante movimento no setor e, consequentemente, no caixa das lojas de diversos segmentos comerciais.
Este ano, no entanto, tenho notado que o ritmo e o comportamento da maioria dos estabelecimentos – inclusive, de alguns que costumavam prevalecer bastante nesta oportunidade sazonal em anos anteriores – têm se mostrado bastante diferentes desde o mês passado. A quantidade de campanhas promocionais voltadas para a ocasião reduziu-se sobremaneira e os poucos comerciantes que se arriscam a alguma estratégia do gênero o tem feito com evidente comedimento.
Os consumidores também estão aderindo a uma postura bem mais cautelosa. A data, como habitualmente ocorre, não passa em branco para eles, contudo, fica cada vez mais explícita a retração no volume de consumo. De 2014 para cá, a tendência de se recorrer a “lembrancinhas” no lugar dos itens de maior valor agregado cresceu exponencialmente.
Uma reportagem de campo realizada pelo jornal O Estado de São Paulo durante a última semana de abril apontou que o resultado do Dia das Mães deste ano pode ficar muito abaixo não apenas do computado em 2015, mas também dos resultados dos últimos cinco anos. A deixa é a de que a intenção de consumo de produtos mais caros seja postergada para o Natal deste ano – e olhe lá.
Assunto desconfortável, reconheço. No entanto, sinto-me mesmo na responsabilidade de dialogar a respeito com você, empreendedor do comércio. Em minha condição de dirigente de uma entidade representativa de toda uma classe econômica, é meu dever estar a par das reais circunstâncias que recaem sobre o varejo e me manter alinhado à percepção do empresariado correspondente. Entenda que, de modo algum, quero projetar qualquer forma de negatividade neste espaço; quero apenas mostrar que este sindicato está consciente da realidade vivida por milhares de empreendedores como você.
Tempos de recessão requerem um grau maior de consciência coletiva. É imperativo que nos mantenhamos conectados ao máximo à realidade em desdobramento. Estamos em crise. O quadro não poderia ser muito diferente. Muito provavelmente teremos um mês de maio não tão satisfatório como gostaríamos, mas não podemos, NÃO DEVEMOS, desanimar. Nossa condição empreendedora não nos permite tal comportamento.
Em circunstâncias como as correntes, gosto de resgatar a máxima popular que diz: “O que não nos mata, nos fortalece”.
Não perca o foco, empresário. Ainda há esperança, acredite.
Ruy Pedro de Moraes Nazarian
Presidente do Sindilojas-SP