Moda e tecnologia: IA, desafios, oportunidades e implementações

O setor da moda, reconhecido por sua natureza inovadora e visionária, tem dependido cada vez mais da tecnologia para antecipar tendências e otimizar processos.

*Por Start by WGSN

No Brasil, o segmento de vestuário e acessórios reúne aproximadamente 300 mil empresas do varejo, sendo 80 mil concentradas no Sudeste. Destas, 82,2% são microempresas e 11,6% de pequeno porte, demonstrando sua relevância (Governo Federal, 2022).

A relação entre moda e tecnologia impulsiona o setor ao aprimorar estratégias de vendas e eficiência produtiva. O relatório The Future of Jobs Report 2020, do Fórum Econômico Mundial, prevê que a inteligência artificial (IA) substituirá 85 milhões de empregos globalmente até 2025, mas criará 97 milhões de novas oportunidades no mesmo período.

IA e Realidade Aumentada no varejo

No varejo de moda, a IA já auxilia lojistas na previsão de tendências e na gestão de estoques com maior precisão. Algoritmos analisam histórico de vendas, comportamento do consumidor e dados de mercado para indicar peças com maior potencial de demanda. Grandes redes, como a H&M, utilizam IA para ajustar estoques por loja e região, reduzindo desperdícios e tornando a cadeia de suprimentos mais eficiente e sustentável.

Para o consumidor, tecnologias emergentes como realidade aumentada (RA) facilitam a experiência de compra online. Espelhos interativos e aplicativos permitem que clientes visualizem peças em tempo real sobre seus corpos, aumentando o engajamento e reduzindo taxas de devolução. A marca brasileira Woodz, por exemplo, já disponibiliza um provador virtual em seu e-commerce, com instruções claras e alertas sobre possíveis incompatibilidades com navegadores e sistemas operacionais.

Tecnologia no desenvolvimento

Na criação e desenvolvimento de produtos, avanços como tecidos inteligentes, impressão 3D e wearables agregam valor às coleções. A indústria têxtil investe em materiais inovadores, como tecidos que regulam a temperatura, bloqueiam radiação UV ou monitoram sinais vitais.

No segmento esportivo, técnicas de malharia 3D possibilitam peças sem costura, com maior adaptabilidade ao corpo e materiais sustentáveis, como algodão orgânico, elastano reciclado e fibras biodegradáveis. Já os wearables — roupas e acessórios conectados — ganham espaço com funcionalidades que vão desde monitoramento da atividade física até interação com dispositivos móveis. Um exemplo é o Google Jacquard, desenvolvido em parceria com a Levi’s, que integra sensores em jaquetas para controle do smartphone por gestos através da manga.

Ferramentas do cotidiano

Embora algumas dessas inovações pareçam distantes do mercado brasileiro, soluções tecnológicas já fazem parte da rotina do setor: ferramentas como o Chat GPT, Midjourney e Runway, otimizam processos empresariais e criativos, ligados a organização de relatórios, edição de textos, edição de vídeos e imagens. E softwares de gestão de estoque que facilitam a logística de novas implementações que coletam e combinam dados externos, podendo ser apontamentos de plataformas de tendência como a START by WGSN, e internos (análise de saída de produto), para colaborar com uma produção inteligente.

E no cenário da indústria brasileira há destaque para a malharia, que avança significativamente, incorporando
tecnologias como tecidos com proteção solar e malhas seamless (sem costura ou com costuras reduzidas).

Conexão

No cenário atual, a moda e a inovação devem caminhar juntas para enfrentar desafios como a redução do impacto ambiental, a concorrência acirrada e as demandas de um consumidor cada vez mais digital e exigente.

Essa conexão entre moda e tecnologia não é nova, mas se fortalece à medida que o setor se mostra essencial para traduzir inovações em produtos desejáveis, desde a marcante introdução dos smartwatches, que, apesar do avanço tecnológico, precisou da moda para transformar esses dispositivos em itens aspiracionais, demonstrando sua capacidade única de absorver e impulsionar novas tendências no mercado.

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