
Opinião: Nova alta da Selic deve frear consumo e encarecer crédito
Para o Sindilojas SP, a nova alta da Selic vai na contramão do arrefecimento da inflação e tende a frear ainda mais o desempenho do comércio varejista.
Depois da expectativa que o Banco Central poderia interromper a trajetória de elevação da taxa básica de juros da economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) da entidade decidiu elevar a Taxa Selic em 0,25 pontos percentuais. Com isso, passamos a ter juros básicos de 15% ao ano, o maior patamar desde 2006.
É relevante destacar que o avanço desta última decisão foi o menor desde setembro do ano passado, quando os sucessivos aumentos da Selic inclusive foram iniciados. Ainda assim, havia uma expectativa que o Banco Central interrompesse tal ascensão, o que não ocorreu.
Evolução da Taxa Selic (% ao ano)
Fonte: Banco Central do Brasil / Elaboração: Sindilojas SP
Justificativa
No comunicado divulgado pelo próprio BC, a entidade justifica a decisão de um novo aumento devido a necessidade de cautela frente a um cenário externo de incertezas com as políticas comerciais americanas, aliado a um aumento das tensões geopolíticas. Para além disso, a autoridade monetária entende que no cenário doméstico há projeções de inflação elevadas, resiliência da atividade econômica, além de atenção aos impactos da atual política fiscal do Governo. Por fim, o Copom adiantou possibilidade do fim do ciclo de alta dos juros na próxima reunião, até para analisar se o recente e significativo aumento será capaz de trazer a inflação interna para mais próximo da meta, que é de 3% ao ano.
Análise aos empresários
O Sindilojas SP viu com muita preocupação mais um aumento dos juros básicos da economia brasileira. Com uma desaceleração da inflação em maio, era esperado o fim de altas da Selic agora em junho, ainda que se esperasse que tais patamares se mantivessem inalterados até o fim de 2025.
A decisão de uma nova elevação, ainda que em menor magnitude, impacta diretamente o custo de crédito de pessoas físicas e jurídicas, que já vem se elevando desde o início do ciclo de altas da taxa básica de juros. Exemplo disso pode ser mais bem observado no gráfico, abaixo.
Segundo dados do próprio Banco Central, a taxa de juros das operações de crédito com recursos livres às empresas atingiu, em abril de 2025, uma média de 26% ao ano, o maior patamar desde abril de 2017 (26,38%). Claramente é possível constatar que este indicador seguiu a trajetória da Selic desde o seu início de recentes elevações, em setembro de 2024. Naquele mês, por exemplo, a taxa média para as pessoas jurídicas havia sido de 20,58% ao ano.
Impacto dos juros altos
Às empresas, a despeito de compreender os objetivos centrais do BC em tentar controlar a persistente inflação doméstica, os juros ainda mais altos devem continuar impactando duplamente o comércio varejista. Primeiro, via o seu cliente, que com crédito mais caro possuirá ainda mais dificuldade para tomar crédito e, mesmo se o adquirir, pagará mais juros. Isso impactará seu orçamento e o seu nível geral de consumo, especialmente na compra de bens de consumo adiável e de bens duráveis. Já o segundo impacto no varejo se dá vias as operações financeiras dos próprios estabelecimentos.
Seja na tomada de crédito para incremento de capital de giro, em antecipações de vendas efetuadas via cartões, cheque especial, aquisição de bens ou tantas outras linhas de crédito, a tendência é que elas fiquem ainda mais caras. Neste sentido, todo cuidado com o fluxo de caixa e com os níveis de liquidez da empresa são ainda mais essenciais após esta nova decisão do Banco Central.
Taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres – Pessoas jurídicas – Total – % a.a.
Fonte: Banco Central do Brasil / Elaboração: Sindilojas SP
Departamento de Economia e Tributação
O Sindilojas-SP implementou o Departamento de Economia e Tributação, objetivando levar ao empresário do comércio varejista um rol de informações relacionadas à conjuntura macroeconômica, imprimindo sobre estas as particularidades do setor do varejo.
Esse movimento do Sindilojas-SP leva em consideração o fato de que temáticas como obrigações fiscais, carga tributária e questões relativas à recente regulamentação da Reforma estarão permanentemente presentes no dia a dia dos empresários do comércio.
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