Setor de beleza prevê crescimento em 2018
O mercado brasileiro de produtos de beleza projeta um crescimento nominal de 7,5% no faturamento em 2018 sobre 2017, para R$ 118,2 bilhões, impulsionado pela recuperação econômica. As categorias de perfumaria e cremes hidratantes devem continuar a ser destaque nas vendas. Mesmo assim, as líderes de mercado Natura e Boticário mostram-se cautelosas em suas perspectivas. “O mercado de cosméticos ainda não recuperou o desempenho de antes da crise, mas 2017 foi marcado por uma incipiente retomada. Continuamos a ver o cenário macroeconômico doméstico com cautela, enquanto o consumidor mantém um comportamento tímido, o que continua a representar um desafio”, afirmou João Paulo Ferreira, presidente da Natura. Segundo ele, a queda da taxa básica de juros (Selic), a melhora nas condições de crédito e a redução da inflação estão influenciando positivamente a disponibilidade de renda da população. Por enquanto, porém, a empresa ainda não notou mudança estrutural, apesar de os indicadores mostrarem uma evolução.
Segundo João Carlos Basilio, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o crescimento real em 2017 ficará entre 1,5% e 2,5%. “Tivemos um início de ano difícil, mas que foi evoluindo, acompanhando os indicadores econômicos. Normalmente, o setor tem desempenho acima do PIB.” No acumulado do ano até outubro, as categorias de desodorantes e sabonetes tiveram o pior resultado, considerando as vendas em valor ao consumidor, com quedas de 6,94% e 3,01%, respectivamente. Houve reflexo da concorrência maior entre as marcas e das promoções do tipo “leve três e pague dois” feitas pelas fabricantes nas lojas.
O cenário é positivo para 2018, apesar de as eleições causarem certa apreensão no setor. “Ao contrário do que indicam as pesquisas mais recentes, nós acreditamos que os consumidores voltarão a comprar as marcas que usavam antes da crise. A inflação mais baixa beneficiará a economia do país”, afirmou Basilio. Para a Natura, este foi o ano em que a companhia recuperou a liderança em categorias estratégicas, como perfumaria, que continuou com desempenho acima do esperado, segundo Ferreira. Mas o fato mais marcante foi a compra da The Body Shop, que permitiu à empresa ter presença em 70 países. O presidente da Natura afirma que a meta para 2018 é manter um ritmo de crescimento saudável na América Latina e avançar na lucratividade da marca australiana Aesop. “Queremos fortalecer o negócio da Natura no Brasil, com expansão de nossa presença em diversos canais, sobretudo com a revitalização da venda direta”. O Grupo Boticário também vê o próximo ano com cautela. Artur Grynbaum, sócio e presidente da companhia, disse recentemente que o PIB crescerá em 2017 e no ano que vem, mas que o resultado das eleições ainda é uma variável que requer cuidado, pois poderá impactar as projeções. A receita bruta das marcas do grupo deve subir 6% ante o ano passado, que registrou R$ 11,4 bilhões. Esse patamar de expansão deve ser mantido em 2018.
A dona das marcas O Boticário, quem disse, Berenice?, Eudora e The Beauty Box abriu 61 pontos de venda este ano, acima dos 50 previstos. Para o ano que vem, a meta é inaugurar entre 60 e 70 unidades. Neste ano, foram investidos R$ 300 milhões em bens de capital, 18% a mais que em 2016, com recursos próprios. No canal farmacêutico, a área de higiene pessoal e perfumaria foi uma das que mais cresceu na Profarma. Neste ano, o desempenho foi 30% superior ao de 2016, sustentado pela aquisição da Drogaria Rosário. Max Fischer, diretor financeiro e de relações com investidores, afirma que o desempenho refere-se ao segmento de distribuição da empresa. “Esses produtos são um polo de atração para o consumidor no pequeno e médio varejo”. O setor vê como positiva a reforma trabalhista. De acordo com o presidente da Abihpec, a nova legislação ajudará a diminuir o número de processos na Justiça.
Fonte: Valor Online