Departamento de Economia e Tributação

Vendas do comércio paulista caem pelo segundo mês seguido

10 de novembro de 2025

Retração de 1,2% em setembro supera desempenho nacional e confirma perda de fôlego do varejo estadual em cenário de crédito caro, endividamento elevado e enfraquecimento do consumo.

O comércio varejista restrito do Estado de São Paulo voltou a registrar queda em setembro e consolidou o segundo mês consecutivo de retração nas vendas. O recuo foi de 1,2% em relação a agosto, já considerando ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado aprofundou a queda de 0,4% observada no mês anterior e, mais uma vez, foi mais negativo que o desempenho nacional, que recuou 0,3% no período. A pesquisa contempla empresas com mais de 20 funcionários, captando o comportamento dos segmentos estruturados do varejo.

Comparativos

Na comparação com setembro de 2024, o setor apresentou uma desaceleração ainda mais significativa: retração de 1,8%. Entre os destaques negativos, combustíveis e lubrificantes (-10,6%) e móveis (-16,2%) lideraram as quedas, refletindo menor disposição das famílias para gastos mais sensíveis aos ciclos de crédito. O segmento de livros, jornais e papelaria (-4,3%) também recuou, enquanto hipermercados e supermercados, que normalmente sustentam o consumo essencial, registraram baixa de 3,5% na mesma base de comparação.

O desempenho acumulado reforça o cenário de desaceleração: no ano, o volume de vendas paulista cresce apenas 0,5%, contra 1,5% na média nacional. Em 12 meses, São Paulo avança 1,1%, quase metade do ritmo do país e com tendência de perda gradual de tração.

Para Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP, os dados reforçam um cenário que a entidade já vinha alertando desde o início do segundo semestre.
“A retração consecutiva das vendas evidencia que o consumidor paulista está mais cauteloso. Os juros seguem altos, o crédito permanece caro e o nível de endividamento das famílias ainda limita novas decisões de compra. Mesmo com o mercado de trabalho aquecido, a renda disponível diminuiu e o orçamento doméstico está mais apertado”, afirma.

Fatores estruturais

Segundo o Sindilojas-SP, três fatores estruturais explicam o enfraquecimento do consumo no estado:

Endividamento persistente

Grande parte das famílias ainda lida com compromissos acumulados ao longo de meses de inflação resistente e recomposição lenta da renda. O orçamento fica comprometido com dívidas antigas, reduzindo a margem para novas compras e pressionando diretamente o desempenho do varejo paulista.

Inflação ainda pressionada no 1º semestre de 2025

Mesmo com a desaceleração recente, a inflação elevada até meados do ano deteriorou o poder de compra e impediu que a renda real ganhasse tração. Isso reduziu a capacidade de consumo e contribuiu para o processo mais prolongado de desaceleração observado desde o segundo semestre.

Para o Sindilojas-SP, o conjunto desses fatores explica inclusive o desempenho negativo de hipermercados e supermercados, um segmento historicamente mais resiliente. A retração indica que os consumidores têm reorganizado a cesta de compras, priorizando itens essenciais e buscando alternativas mais baratas.

Tendência

Macri destaca que a tendência deve se estender para os últimos meses de 2025.

“Os dados apontam para um fim de ano menos aquecido que o de 2024. O quadro é de um consumidor mais seletivo e de um varejo que precisa ajustar expectativas, mantendo foco no planejamento, na gestão de estoque e na negociação com fornecedores para enfrentar esse período prolongado de enfraquecimento”, analisa.

Segundo a entidade, uma eventual recuperação mais consistente deve ocorrer somente em 2026, dependendo do ritmo de queda dos juros, da normalização do crédito e da evolução da renda disponível.

Departamento de Economia e Tributação

Dentro de sua estrutura operacional, o Sindilojas-SP possui o Departamento de Economia e Tributação, objetivando levar ao empresário do comércio varejista um rol de informações relacionadas à conjuntura macroeconômica, imprimindo sobre estas as particularidades do setor do varejo.

O Sindilojas-SP leva em consideração o fato de que temáticas como obrigações fiscais, carga tributária e questões relativas à recente regulamentação da Reforma estarão permanentemente presentes no dia a dia dos empresários do comércio.

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