Repensando a própria marca: de concorrente a parceiro
Por Endrigo Pontes, sócio da Vitrail (empresa parceira Sindilojas-SP)
A cada dia o varejo se transforma, seja por micro ou macro influências ou uma pandemia, como é o caso nesse momento. As vezes a transformação é mais acelerada e outras mais lenta, o que não podemos negar é que sempre existiu e você lojista conhece bem e viveu mudanças significativas em outros épocas, não se esqueça. Por isso acredito que todo lojista pode ser criativo e inovador o suficiente em qualquer ocasião.
Hoje, não sabemos exatamente como será o consumo pós-covid e eu já falei um pouco sobre isso AQUI, mas há insights que podem funcionar e que as experiências do passado – e pesquisas – ajudam a validar. O momento é de aceleração nas transformações, e você lojista precisa pensar rápido.
Vejamos algumas situações que o pequeno lojista vive no dia a dia e que no momento se intensificaram:
-A necessidade da marca com multicanais de vendas, o que já era necessário antes, agora é fundamental. Conversando com alguns lojistas noto a preocupação de como atuar corretamente no online sendo um pequeno negócio sem grandes possibilidades de alto investimento. Comece pequeno, vendendo por telefone ou redes sociais, insista em ter mais de um canal, mas faça corretamente e de forma profissional.
-O pequeno lojista também tem dificuldade em ser visto e procurado pelos consumidores, não consegue ter divulgação suficiente para atrair. Temos visto associações, grupos varejistas, tags, ícones e selos engajados em fortalecer negócios locais, a loja de bairro. Aproveite essa iniciativa, assuma se você é um negócio pequeno e local, parecer ser uma grande marca sem ser não é positivo, crie seu engajamento de forma verdadeira, conte sua real história, humanize, os clientes gostam e se identificam com a humanização.
-Ter lojas com muito espaço físico, lojas grandes demais, e sem necessidade. Nos últimos anos o custo de ocupação subiu muito e a necessidade de tanto espaço diminuiu, por conta da logística, da gestão de categoria, do mix de produtos mais assertivo, da implantação de técnicas de visual merchandising, de tecnologias, do comportamento de consumo, da busca por mais serviços e menos produtos, da mobilidade urbana, enfim, as lojas podem ser menores e com muito mais eficiência.
-Não conseguir acompanhar a mudança do comportamento de consumo e desejo dos consumidores por determinado item, parece que o ritmo nesse sentido vai diminuir, novos valores, consumo mais consciente, a moda querendo desacelerar, mas é cedo para ter certeza, então esse ainda poderá ser um dificultador para seu negócio.
Meu insight para tudo isso é união! Diferentes marcas e segmentos podem se unir, num movimento de co-branding que ja vinha acontecendo e agora pode contribuir muito. Fale com outras marcas de que forma vocês podem fortalecer o bairro, a rua, a própria loja, o canal de venda online e quem sabe ao invés de duas diferentes lojas, oferecer tudo num único espaço ou plataforma. Criar algo mais atrativo com multi possibilidades o chamado store in store. Se for expandir ou mudar, pensar em locais hoje menos valorizados e assim levar o desenvolvimento para aquele local junto com outros lojistas de forma mais econômica, negociar em conjunto. Isso pode funcionar bem em comércio de rua, por exemplo, e já estamos vendo os shoppings deixarem de ser uma boa opção para operar as lojas.
Criar em parceria ações de marketing local, transformar não só a loja mas a rua ou o bairro num ponto de convergência. Fugir um pouco do padrão convencional e ter os concorrentes, principalmente os indiretos como um aliado. O cliente queria praticidade e tudo num único local e vai continuar querendo, quanto mais prático e conveniente melhor. Esse insight pode se estender até aos prestadores de serviço que você, pequeno lojista, precisa contratar por ter uma equipe enxuta, seja profissionais de visual merchandising, marketing, mídia ou consultorias, contrate também em conjunto com outras marcas.
Em resumo, quem antes você via como um concorrente hoje pode ser seu parceiro, pense nisso.