COVID-19

Confira os hábitos de consumo na pandemia e quais são as tendências

16 de fevereiro de 2021

Relatório divulgado pelo Itaú aponta crescimento dos ambientes digitais e esperança para o varejo físico

Fonte: Consumidor Moderno 

O ano de 2021 será decisivo para definir quais serão os hábitos de consumo da população na próxima década. É isso que aponta o relatório Análise do Comportamento de Consumo 2020, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Itaú. De acordo com os dados, a parada abrupta da economia (em meados de março de 2020) foi seguida de uma crescente migração para os ambientes digitais.

Em comparação anual, ao mesmo tempo que o valor movimentado em transações físicas caia 22,24% em abril (quando o isolamento social foi iniciado), as compras digitais cresceram 3,2%. Esse valor atingiu seu pico em junho, onde o crescimento foi de mais de 29%.

As informações foram coletadas com base nos dados de consumo dos usuários de cartões de crédito e débito do Itaú Unibanco e das vendas realizadas pela Rede, empresa de meios de pagamento do banco.

Um consumidor mais digital?

Mesmo com essa inversão de eixos, não é possível afirmar que os ambientes digitais estão estabelecendo dominância na preferência dos consumidores. Isso porque, conforme as regras de isolamento social foram se afrouxando a partir de agosto, o consumo no varejo físico foi reconquistando gradativamente seu espaço.

Seu ápice foi em outubro, quando a modalidade apresentou crescimento de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em contrapartida, as transações digitais apresentaram uma tendência decrescente conforme a reabertura econômica foi acontecendo, passando para 24,4% em agosto e 18,6% em outubro.

Isso torna o ano de 2021 essencial para analisar qual será a tendência de consumo no período pós-pandemia. Somente após as campanhas de vacinação avançarem, aliviando a situação sanitária do país e reacendendo o varejo físico, será possível observar a tendência do consumidor sem vieses.

Mas uma coisa é certa: tudo aponta para uma importância crescente dos ambientes digitais.  Mesmo que o varejo físico volte a tomar força, a influência do e-commerce durante a pandemia não é algo que possa ser ignorado. A participação de mercado das compras online cresceu 15,7% em 2020 em relação a 2019, com cada vez mais negócios adotando o modelo. Com um público consumidor tão grande, as vantagens da adoção de um modelo híbrido de vendas são cada vez maiores.

Compras concentradas

A incerteza econômica é outro fator que impactou os hábitos de consumo do brasileiro. O consumidor passou a fazer compras maiores e mais parcelas ao mesmo tempo que reduziu a sua frequência de gastos. Aqueles que faziam seu mercado semanalmente, por exemplo, passaram a concentrar todas as compras do mês em apenas um dia.

Os parcelamentos maiores também mostraram ser a preferência em 2020. A quantidade de pagamentos divididos em mais de 10 faturas cresceram 12,8% em comparação com 2019. Essa tendência é fortemente influenciada pela pandemia, mas não é possível destacar a possibilidade desse tipo de comportamento perdurar enquanto a situação econômica do país continua frágil.

E tudo indica que é esse caminho que iremos percorrer em 2021. Segundo Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, boa parte da perda do PIB brasileiro durante o período de pandemia já foi recuperada. Entretanto, isso não significa que o Brasil vá encerrar o ano com saldo positivo. “É um copo meio cheio. Recuperamos boa parte da economia perdida com a crise, mas não passou disso. No momento, a economia não apresenta crescimento em comparação com o ano passado.”

O analista também prevê que o ano se encerre com uma inflação de até 4%, com a possibilidade de um pico de até 6% durante o período (o que talvez indique uma possível alteração na tava básica de juros para manter a meta fiscal). Para o consumidor, isso significaria a manutenção dessa postura mais conservadora? Apenas o tempo poderá nos dizer.

O novo comportamento

Quando se trata do perfil dos consumidores, a geração Y foi a que teve maior crescimento no gasto médio na comparação 2019 – 2020. Isso mostra que, apesar de grande parte dos estudos de marketing atualmente estarem voltados para a geração Z (jovens que estão chegando ao mercado e prometem ditar tendências), é preciso pensar em todos os consumidores de forma especial.

O relatório do Itaú também ressalta uma novo padrão de consumo. Com o chamado “efeito home office”, os gastos com transporte urbano registraram queda de 38,6% enquanto o valor gasto com itens para a casa teve alta de 29,8%.

Também influenciados pelo isolamento social, os hobbies mudaram. Houve queda nos gastos com lazer (-72%), bares e baladas (-33%) e restaurantes (-32,3%). Em contrapartida, o valor transacionado com streaming, livros, games e instrumentos musicais cresceu 40,4%. A venda de bicicletas cresceu mais de 50%, o que mostra uma tendência de busca por atividades ao ar livre. Mais uma vez, apenas o tempo será capaz de dizer se esse cenário irá se manter.

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