Departamento de Economia e Tributação

Novo pico da inadimplência desafia 2° semestre no varejo

17 de junho de 2025

Com endividamento em alta e mais famílias sem condições de pagar, varejo paulistano deve se preparar para um segundo semestre desafiador.

Pesquisa recentemente divulgada pela FecomercioSP mostrou que no último mês de maio, 71,2% dos consumidores paulistanos possuíam dívidas. Já os que além de endividados, possuíam dívidas em atraso, isto é, estavam inadimplentes, representavam 21,7%. Por fim, as famílias que além de endividadas, estavam inadimplentes e que já declararam inclusive não ter condições de efetuar pagamentos, eram 9,1%.

O que será possível ser mais bem observado abaixo é que tais níveis estiveram todos em crescimento nestes cinco primeiros meses de 2025. Mais precisamente, os endividados aumentaram em quase 132 mil famílias do mês de dezembro do ano passado para maio de 2025, passando de 68,2% (2,782 milhões de famílias) para 71,2% (2,914 milhões de famílias). Já os inadimplentes eram 794.422 e passaram a ser 887.833 no mesmo período, mudando de 19,5% para 21,7% das famílias. E os inadimplentes e sem condições de pagamento aumentaram em quase 10 mil famílias, passando de 8,9% para 9,1% de participação.

Evolução mensal dos níveis de endividamento e inadimplência dos consumidores paulistanos 

Fonte: FecomercioSP/ Elaboração gráfica: Sindilojas-SP

Em verdade, mais do que estes relevantes indicadores aumentarem nestes primeiros cinco meses do ano, os 71,2% de endividados é o maior nível desde junho de 2024. Já o patamar atual de inadimplentes (21,7%) é o mais agudo desde maio de 2024, bem como inadimplentes e sem condições de pagamentos (9,1%), constituem, igualmente, o nível mais elevado desde maio do ano passado.

Alerta

Este cenário traz um importante alerta que o Sindilojas SP necessita fazer ao empresário do varejo paulistano. O aumento dos níveis de endividamento e inadimplência dos consumidores paulistanos impacta (e impactará) o ritmo de evolução das vendas do comércio, especialmente o varejista, que é aquela divisão que detém maior contato com o consumidor final.

Estar endividado não é uma notícia ruim, por premissa. Todos temos compromissos com débitos em financiamentos, possíveis empréstimos, contas de consumo, cartões de crédito, entre outros. O problema é o nível de endividamento estar muito elevado e compor a maior parte do orçamento das famílias. Isso “captura” parte relevante do salário previamente e diminui o recurso disponível para novos consumos, cujo efeito chega no comércio.

Inadimplência

Já o aumento da inadimplência, por premissa, é algo ruim. Significa que, além de ter dívidas, os consumidores não estão conseguindo honrar com os seus pagamentos. Isso mais do que demonstrar a deterioração do orçamento familiar, restringe a tomada de crédito ou novas compras devido a redução da credibilidade do pagador, que acabará entrando para cadastros de restrição de crédito e com queda do famoso score.

E pior é quando há (como houve) aumento de famílias com dívidas em atraso, as quais já informam não ter condições sequer de efetuar tais pagamentos. Isso constitui uma realidade bastante fragilizada, com alterações em praticamente todos os seus níveis de consumo.

Análise

Em suma, mesmo com um mercado de trabalho resiliente e certa estabilidade na renda das famílias, o que se observa é que a inflação persistente, o aumento dos juros e a elevação na tomada de crédito têm contribuído não apenas para o crescimento do número de endividados, mas também para o avanço da inadimplência. Esse cenário preocupa, sobretudo pelo impacto que pode ter no ritmo de consumo desses consumidores no segundo semestre — especialmente considerando que, na visão do Sindilojas SP, as condições econômicas tendem a apresentar pouca melhora no curto prazo.

Neste sentido, é essencial o empresário varejista se preparar para este cenário um pouco mais adverso, especialmente em segmentos de mercadorias consideradas de consumo adiável. Além disso, é indispensável muita cautela por parte dos que ainda trabalham com crediário próprio, considerando os níveis de inadimplência de sua carteira de clientes, para evitar efetuar vendas e não receber por elas.

O Sindilojas-SP faz parte do Sistema Confederativo do Comércio, participando das ações em Defesa do Comércio  conjuntamente com a Confederação Nacional do Comércio e a FecomercioSP.

Departamento de Economia e Tributação

O Sindilojas-SP implementou o Departamento de Economia e Tributação, objetivando levar ao empresário do comércio varejista um rol de informações relacionadas à conjuntura macroeconômica, imprimindo sobre estas as particularidades do setor do varejo.

Esse movimento do Sindilojas-SP leva em consideração o fato de que temáticas como obrigações fiscais, carga tributária e questões relativas à recente regulamentação da Reforma estarão permanentemente presentes no dia a dia dos empresários do comércio.

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