
Sindilojas-SP alerta varejo para cenário econômico desafiador em 2025
Perspectivas foram apontadas em encontros com lideranças empresariais do setor no Estado de São Paulo.
O cenário econômico nacional em 2025 aponta para um período provocador aos empresários do comércio varejista.
Apesar dos números positivos registrados no acumulado do ano passado, a inflação acima do teto da meta e o ciclo de alta da taxa Selic devem levar a uma desaceleração gradual da economia ao longo dos próximos meses.
Os dados positivos refletem uma realidade diferente da performance das empresas. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB), com crescimento de 3,4%, melhor desempenho desde 2021, contrasta com o número recorde de pedidos de recuperação judicial e falência. Toda essa conjuntura foi debatida durante as reuniões do Conselho do Comércio Varejista (CCV) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) realizadas em março, com a participação do Sindilojas-SP.
Levantamentos
Um levantamento da Entidade mostra que os pilares do avanço do PIB de 2024 estão calcados na alta da geração de emprego, atingindo quase 1,7 milhão de vagas; no aumento da concessão de crédito das famílias (12,9%); na baixa do saldo nas poupanças; na injeção dos recursos provenientes do pagamento de precatórios e no impulsionamento pelos gastos do governo federal. Esses fatores alavancaram o consumo da população, mas sem qualquer mudança estrutural relevante que tenha propiciado um crescimento sustentável da economia brasileira a longo prazo.
“Crédito mais elevado significa endividamento familiar mais alto, consumo da poupança é redução das reservas econômicas, e os elevados gastos do governo geram desequilíbrio fiscal. Esses fatos até podem contribuir para um crescimento da economia no curto prazo, mas também ajuda na criação de cenário de pressão inflacionária, que gera a necessidade da elevação dos juros. Portanto, ainda que haja um bom desempenho do mercado de trabalho, o crescimento da renda das famílias pode ser insuficiente para a percepção de uma melhor qualidade de vida das pessoas, que sentem o orçamento apertado pelas dívidas e a renda com um menor poder de compra”, ponderou Jaime Vasconcellos, assessor econômico da FecomercioSP.
Análises e expectativas
Os dados apontam para um crescimento menor da economia em 2025, com projeções para o PIB oscilando entre 1,8% e 2,4%. A desaceleração está associada ao aumento da taxa Selic, que encarece o crédito tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, desestimulando o consumo. Também há uma inflação persistente e um menor crescimento projetado do mercado de trabalho.
Por fim, também se espera um menor impacto de estímulos fiscais, que complementam esse quadro de desaceleração. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (Bacen), projeções feitas em 3 de janeiro indicavam IPCA de 4,99% para este ano. Cerca de dois meses depois (14 de março), as previsões do documento chegaram a 5,66% para o mesmo período.
Cautela
No comércio varejista de roupas, vestuário, em dados recentes, houve perda de mão de obra, com menos 11.000 vagas de 2020 a 2025, com aumento da informalidade no mercado de trabalho e crescimento de 86% dos cadastros de MEIs de 2019 a 2024.
Diante dessa perspectiva, o Sindicato do Comércio Varejista e Lojista do Comércio de São Paulo – Sindilojas-SP recomenda cautela aos empresários para fazer investimentos e formar estoques, por exemplo. “Nesse contexto, as empresas do setor precisarão ajustar suas estratégias para manter a competitividade e preservar margens em um possível cenário de menor crescimento em 2025”, afirma Aldo Macri, presidente do Sindilojas-SP.
Performance do comércio varejista
Com dados do IBGE, a FecomercioSP observou a atuação do comércio varejista, em 2024, separada por segmentos, verificando que cada um performou de forma muito distinta. Enquanto artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, por exemplo, indicaram alta de 14,2% em nível nacional, livros, jornais, revistas e papelaria sofreram queda de 7,7%.
No Estado de São Paulo, os setores também apresentaram distinção na ordem de crescimento: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação registraram elevação de 25,1%, ao passo que e os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos apontaram alta de 21,6%. O atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo despencaram para 15,8%, e livros, jornais, revistas e papelaria amargaram -11,3%. Até mesmo o ramo de tecidos, vestuário e calçados registrou resultado negativo no comércio paulista no ano passado.
O Sindilojas-SP e a FecomercioSP salientam que o montante aferido pela pesquisa diz respeito às receitas brutas, e não à lucratividade. É importante considerar ainda que, em um cenário inflacionário, as margens ficam apertadas e nem sempre as oscilações positivas de faturamento bruto significam variações integrais de resultado líquido final das vendas.
Câmara de Desenvolvimento Econômico e Empresarial
Formada por profissionais do Sindilojas-SP e empresários do comércio, a Câmara de Desenvolvimento Econômico e Empresarial debate, entre outros assuntos, questões ligadas a concorrência desleal como pirataria, contrabando, falsificação, descaminho, disparidade tributária, etc., abordando suas causas e consequências.
Esse trabalho visa a defesa do comércio legal, igualitário e justo.
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